Palavra Alada 1

Certa vez um cineasta se deparou com um livro tão bom, mas tão bom, que fez uma coisa inusitada. Ele comprou todas as copias do livro para que ninguém o lesse e contou ele mesmo aquela estória, de um jeito que somente ele poderia.

Quando, muitas décadas atrás e numa sala escura, o mundo viu a sua maior estrela ser impiedosamente esfaqueada no chuveiro diante de seus olhos, poucos foram os que duvidaram da genialidade daquele homem que entraria para a história do cinema como ‘o mestre do suspense’. Poucos, também, foram os que imaginavam que por trás de um grande artista, havia outro. Esqueceram de agradecer-lhe pelas noites sem sono. Talvez, não por acaso.

A música no cinema é como uma dona de casa à moda antiga. Ela serve à sétima arte. Não para fazer sombra, mas para engrandecer a causa maior. A história (ou estória). O drama humano. E nos faz lembrar da beleza que é o ato de doação. Mas assim como as mulheres, que há muito se cansaram do confinamento das quatro paredes do lar, em PALAVRA ALADA a música traça o seu próprio caminho. 

Cada faixa do disco, para ser dona de si e andar com as próprias pernas teve que ganhar nova cara. Agora, quem se doam são os beijos, o soar dos talheres num jantar silencioso, a entrada das tabernas e bibliotecas escuras que ocuparam o imaginário de Machado de Assis e dos outros mestres que pela primeira vez, botaram as histórias no papel. Antes, protagonistas. Agora, coadjuvantes de uma nova trilha. Sonora.