No Bangalô da Bandola (2004)
Como surgiu?
O meu primeiro disco solo como bandolinista nasceu a partir do estímulo do violonista Rogério Souza, meu companheiro do Nó em Pingo D´água. Ele sempre me incentivou a gravar um disco como solista de bandolim. Sentindo que o projeto poderia vingar, convidei Rogério para ser o produtor musical do CD. Concordamos que deveríamos formar um grupo base para garantir uma sonoridade coesa ao disco, deixando a musicalidade de cada um dos componentes fluir.
Os arranjos deveriam ser naturais e intuitivos, e a graça do disco, centrada nas composições e na impressão estilística da interpretação dos músicos. O time foi escolhido: Rogério Souza no violão, Celsinho Silva na percussão e Luis Louchard no baixo, músicos com quem toco há mais de quinze anos. As palavras chaves para o disco estavam definidas: intimidade e liberdade de expressão.
O repertório
O repertório do CD foi influenciado pela música do Atlântico negro, pelos sabores da salsa cubana e pelos toques das canções de Cabo Verde. Uma das faixas do trabalho, “Lapa y Cuba”, foi composta em parceria com Papito num hotel em Miami, utilizando apenas a melodia da voz como instrumento. Já “Pimenta na Pupila (Rala Coxa)”, que teve sua primeira gravação na interpretação de Paulo Moura, ganhou neste CD a bela participação de Jessé Sadok. Esta música ganhou letra de Mauro Aguiar e também foi gravada no disco de canções que lanço simultaneamente, "Fora de Esquadro".
Outros choros como “Balangandã” e “Por Debaixo do Pano” flertam com o clima musical cubano. Outro estilo musical explorado neste CD são os choros construídos com fraseados que tangenciam o be bop, gênero desenvolvido com maestria pelo grupo Pagode Jazz Sardinha´s Club, do qual faço parte. Considero “De Soslaio” e “Por Debaixo do Pano” bons exemplos desses choros-jazz. Choros de estilos mais tradicionais, como “Na Gafieira do Moura” e a faixa homônima do disco, também estão presentes contando com o balanço inconfundível do cavaquinho de Wanderson Martins.
Em "No Bangalô da Bandola" ainda há espaço para as baladas, acalantos e sambas canção - estilos em que a melodia e a harmonia assumem o papel de protagonistas: “Lembranças de Copacabana”, “Lucia” e “Feliz de A a Z” são alguns exemplos. Seguindo sugestão do Rogério dividi as melodias entre o bandolim e a minha guitarra baiana, que resolvi batiza-la de bandarra por ter a afinação do bandolim e a sonoridade de uma guitarra semi-acústicca. Achei interessante o contraste do timbre íntimo, escuro e aveludado da bandarra com o registro brilhante do bandolim na apresentação das melodias.
Escute as faixas do disco
1 - Balangandã
2 - Pimenta na Pupila Rala Coxa
3 - No bangalô da Bandola
4 - Feliz de A a Z
5 - Lapa y Cuba
6 - Por Debaixo do Pano
7 - De Soslaio
8 - Lucia
9 - Lembranças de Copacabana
10 - Na Gafieira do Moura
11 - Cortejo das Virgens
12 - Relâmpago e Marola
Críticas
Rildo Hora
17 de Abril de 2005
“Gosto muito da arte de Rodrigo Lessa. É inteligente, bom músico, compõe, toca e improvisa muito bem. Seu último CD está ótimo, comprova o seu talento alicerçado com nobreza na paisagem brasileira. Sou seu fã.”
Jorge Cardoso
Bandolinista
"Rodrigo Lessa é um bandolim especial e fundamental com suas composições que gosto muito. Desejo todo o sucesso em seu novo trabalho!"
Tarik de Souza
Jornal do Brasil
"Entre a tradição ortodoxa e a modernidade miscigenada Rodrigo Lessa não tergiversa.Brinca nas duas."
Patrícia Cassese
Hoje em Dia (Belo Horizonte)
“...revelando um cantor e compositor pronto para fincar seu nome como verbete da enciclopédia da MPB. No cômputo geral, um CD bastante envolvente, com momentos a se destacar, como Pimenta na Pupila e Lapa Y Cuba, contagiantes."
Luis Fernando Vianna
“Rodrigo Lessa defende misturas ao Samba e choro”
Kiko Ferreira
O Estado de Minas
“O Carioca lança dois discos ao mesmo tempo”
Alexandre Aranha
www.popycorn.com.br
No Bangalô da Bandola é isso: uma viagem musical, uma intensa mescla de influências diversas que fazem deste um trabalho plural, rico, mas sem fossos. Rodrigo combina magistralmente a sonoridade semi-acústica e opaca de sua guitarra baiana (por ele apelidada de bandarra) como tilintar do bandolim produzindo belíssimos arranjos em composições que já nasceram para vingar. Não se poderia esperar resultado diferente: sonoridade tranqüila e envolvente – o bangalô itinerante de Rodrigo – que nos leva a viajar sem sair do lugar.